Aprender a desfrutar dos prazeres de Zorba, o Grego
e da silênciosa serenidade de Gautama, o Buda.
-Osho-
Nessa frase, que funde a brutalidade carnal e festiva de Zorba com a sutileza meditativa e transcendente do Buda, Osho sintetiza como é o jeito certo do homem ser e estar neste planeta. Conectado com o mundo invisível enquanto caminha pisando no chão.
Sincronizado com o fim dos tempos, ele anuncia a morte do homem velho, um ser que até agora nunca viveu verdadeiramente, de modo pleno e livre, por ter ficado numa prisão que acreditou ser um lar. A mente capturada numa teia de aranha de ideias e conceitos impostos a sangue e fogo, control tecnológico, pensamento único.
Por isso, Osho nos lembra que levamos padecendo um inferno de mais de três mil anos de guerras, enquanto somente de vez em quando um Buda tem florescido. Algo fundamental deve ter saído errado.
O mestre indiano entende que o erro crasso é o homem ter vivido num campo de batalha entre o material e o espiritual, entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo, entre o baixo e o alto, entre isto e aquilo. Sempre dividido em duas opções, onde, claro, uma delas era chamada de inimigo.
Ele denuncia a existência de uma intenção nisso: para destruir o poder do homem, tem sido usada a grande estratégia da divisão. O homem tem sido pressionado a escolher entre ser um materialista ou ser um espiritualista. Disseram ao homem que ele não pode ser ambos.
E essa tem sido a causa raiz da miséria humana, afirma. Um homem dividido contra si mesmo irá permanecer no inferno. O paraíso nasce quando o homem não está mais dividido contra si mesmo. A divisão do homem significa miséria e o homem integrado significa regozijo.
Sua mensagem é: criem um novo homem - não dividido, mas integrado, completo. Buda não é completo, nem Zorba o Grego. Ambos são metade e metade. Eu amo Zorba, amo Buda. Mas quando olho no âmago mais profundo de Zorba, algo está faltando: ele não tem alma. Quando olho dentro de Buda, novamente algo está faltando: ele não tem corpo.
Osho propõe um grande encontro entre Zorba e o Buda, uma nova síntese, que expressaria o encontro do céu com a terra, o encontro do visível com o invisível, o encontro de todas as polaridades: do homem com a mulher, do dia com a noite, do verão com o inverno, do sexo com o samadhi, do sagrado com o profano. Depois, as polaridades desaparecem uma na outra e os polos opostos se tornam complementares. Somente com esse encontro um novo homem surgirá na terra.
Osho entendeu a crise civilizatória que estamos atravessando como um desafio, uma oportunidade de criar o novo, um caos necessário para inventar um novo cosmos. Por isso, na contramão do mundo de degradações e espanto que nos revela diariamente o noticiário, ele declarava que somos afortunados de estar vivos nestes tempos críticos, vivendo numa das mais belas épocas, porque somente através do caos nascem as grandes estrelas. E essa é uma oportunidade que acontece somente de vez em quando - muito rara.
O mestre traduz a simbiose de Zorba o Buda, descrevendo ao novo ser humano como um místico, um poeta, um cientista, tudo junto. Ele não irá olhar para a vida através das velhas divisões corroídas. Ele será um místico pois ele irá sentir a presença de Deus. Ele será um poeta pois ele irá celebrar a presença de Deus. E ele será um cientista pois ele irá pesquisar essa presença através da metodologia científica. Quando um homem for todos os três reunidos, o homem estará completo.
Osho visualiza um ser humano sem condicionamentos ideológicos ou morais, que apreciará a vida através da consciência, da percepção, da espontaneidade, da criatividade. Um ser aberto e honesto. Transparente, real, autêntico. Que não irá viver perseguindo metas, mas experimentando tudo no aqui e agora. Ele conhecerá apenas um tempo, agora, e apenas um espaço, aqui. E através dessa presença, ele conhecerá o que Deus é.
Este é -diz- meu conceito de um homem santo.
É assim que Osho nos descobre a existência de uma oportunidade para criar um novo ser humano. E para criar um novo ser você tem que começar com você mesmo. Você pode ser Zorba o Buda. Um homem, uma mulher, íntegros, na completude total de seu yin e seu yang. Acatando na carne o mandato divino de sua alma.
O planeta e a humanidade ainda passarão por baitas chacoalhadas, mas o novo ser humano já é uma semente estelar da qual irá florescer o novo mundo.
A florescer-se, então, a florescer-se. ✤
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O samba é o pai do prazer,
o samba é o filho da dor,
o grande poder transformador.
- Caetano Veloso -
O transe pelo qual está passando o planeta, a humanidade e demais espécies vivas tem, obvio, suas réplicas no Brasil. E por aqui também vai acabar com tudo aquilo do velho mundo que não seja genuíno, legítimo, autêntico, original. É a transição planetária, o fim dos tempos, o amanhecer de uma nova era, nos puxando para uma outra dimensão, outra vibração, mais elevada, mais digna, pedindo para nos livrar de tudo o que há de ruim em cada um de nós e acender nossa luz sanadora e liberadora. É o tempo da verdade, quando tudo será revelado. E tudo o que não for verdadeiro vai se desmanchar no ar. Como disse Elza Soares: fora tudo aquilo que não presta.
Entre as coisas que nos sobreviverão, sem dúvida, estará o samba. Essa genial criação brasileira morta tantas vezes e tantas vezes ressuscitada, pela simples razão de estar bem abrigada na alma do povo.
Se, como insiste em deixar constância Chico Buarque, o brasileiro é mesmo fruto da miscigenação entre o índio, o português e o negro ("eu sou uma mistura disso tudo", se orgulha Chico), foi o africano quem acabou dando o tom predominante da alma brasileira. Mundo afora, o Brasil é enxergado como um país de negros, seja para admirar ou, mesmo, para degradar. Não são as Xuxas nem as Giseles Bündchen as impressões digitais do país tropi, mas o DNA dos Pelé, Ronaldinho, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Machado de Assis, Mãe Menininha, Arthur Bispo do Rosário, Pixinguinha, Milton Santos, Zumbi dos Palmares, Ilê Aiyê, e por aí vai.
Língua, religião, culinária, literatura, arte, dança, esporte, comportamentos e, claro, a música, foram permeados, influenciados e determinados por aquele fluxo de energia astral que os africanos escravizados trouxeram nos navios negreiros. Isso era toda sua bagagem, mas tudo isso tinha um peso tão transcendente que acabou definindo os rasgos mais fortes da alma brazuca.
Nesses navios de carga, espremidos nos porões superlotados, homens, mulheres, crianças, velhos, cantavam o tempo todo, para espantar a morte, para mitigar a sorte. Os escravos vieram cantando para o Brasil e desceram na terra nova, cantando.
Saídos de diversas paisagens e tribos africanas, os cantos e as danças, festivos uns, religiosos outros, ritualísticos e alegres todos, foram se misturando. E foi a cavalo dessa música que, como nos cantou Caetano e nos contou Joaquim Nabuco, "a escravidão espalhou por nossas vastas solidões uma grande suavidade, insuflando no país sua alma infantil, suas tristezas sem pesar, suas lágrimas sem amargor, suas alegrias sem causa, sua felicidade sem dia seguinte…”.
A mistura dessa musicalidade africana começou a ensaiar-se nas festas -muitas vezes clandestinas- onde o negro descontava a dilacerante experiência da escravidão cantando e dançando jubilosamente, no júbilo de estar vivo, de possuir uma voz, de afirmar-se na existência dizendo pro céu ainda estou aqui.
Assim foram nascendo as rodas de batucadas, derivadas em rodas de samba na Bahia, que sentaram uma base rítmica, que depois, no Estácio, em Rio de Janeiro, mestres iluminados acabaram de aprimorar para criar uma identidade plena.
A transformação do samba em música nacional não foi um acontecimento repentino, mas o coroamento de uma tradição secular de contatos entre vários grupos sociais na tentativa de inventar a identidade e a cultura popular brasileira.
Assim, como escreveu Jorge Caldeira, aquele samba inscrito em seu projeto de trânsito pela sociedade, se converteu "no ritmo oficial da pátria, e como tal, passou a ter história. Só que uma história na qual o passado é refeito em função do presente". Transformação.
Tulio Ceci Villaça, estudioso e observador perspicaz da nossa musicalidade, tem escrito em seu blog Sobre a Canção o seguinte: "Lembrei de uma frase que Jackson do Pandeiro gostava de repetir: tudo é coco. E quando ele tinha de definir o coco, dizia: é samba. Pode parecer um reducionismo tremendo, mas o fato é que funcionava na prática… Para ele, baião, xaxado, xote, quadrilha, e diversos outros ritmos, todos, de maneira diferente, eram samba".
Jackson do Pandeiro (1929-1982) é um paraibano que começou tocando coco e forró. Mas quando chegou ao Rio de Janeiro, percebeu que as rádios, os produtores, o público pediam samba. "É samba que eles querem, todo mundo vai de samba, a pedida é sempre samba". A partir do samba, ele tocou e cantou ritmos de temperos diversos, mas sempre com gosto de samba.
E a pedida geral encontrou sua maior resposta via Rádio Nacional, que espalhou por todo o território a inconfundível batida do samba. Assim, a essência do samba acabou permeando ritmos, gingas, costumes, linguagens, cheiros, sabores, sentires e pensares. Hoje, você vai encontrar um Clube do Samba em qualquer estado do Brasil.
Talvez essa música tão singular seja o maior legado do negro africano e sua descendência brasileira, que deram de presente para todo mundo usufruir. O regocijo por cantar e dançar samba é algo que vai além da cor da pele, além da carioquice, e até mesmo, de cantar e dançar.
Trata-se de uma energia transcendente que está nascendo e renascendo o tempo todo, se reinventando sem pudor, exercendo esse seu grande poder transformador. Não apenas para os negros, mas para todo mundo, para todos nós que hoje transitamos pelos cantos, por vezes escuros, outras vezes luminosos desse sanatório geral em que virou a Terra, no fim dos tempos, onde e quando devemos encontrar as medicinas para a sanação de nossa alma.
Por ser esse diamante verdadeiro, que sobreviverá por longo tempo, o samba pode ser um dos grandes remédios. E a vida vir a ser o mais perfeito carnaval. Axé. ✤
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Em tese, o ego (corpo + personalidade) é um ator que desenvolve, no teatro da vida planetária, uma personagem provisória que representa aquilo que verdadeiramente somos em todo e qualquer canto do Universo: um alma, um ser espiritual, um ser de luz.
Como alma, chegamos à Terra com um propósito e um roteiro. Viemos a apreender coisas para nos aperfeiçoar, pois esse é o sentido eterno do Universo, a evolução sem fim. Também temos que deixar por cá o muito ou o pouco que já sabemos, para assim colaborar com a evolução de outros, do mesmo jeito que outros, direta ou indiretamente, colaborarão com nós.
Para fazer realidade isso, aqui precisamos de um ego/personagem que nos expresse cabalmente frente ao mundo. Todos somos seres espirituais vindos de outros planos galácticos e vibramos numa frequência mais veloz e por isso somos etéreos, invisíveis. Como fazer para poder ter uma experiência no plano terreno e interatuar com os demais seres do planeta? Com um corpo mais denso e que por isso vibre mais devagar e se faça visível. E com um cérebro que ordene a esse corpo as ações necessárias para que a alma possa desenvolver seu roteiro.
As formas do corpo, o modo em que ele se movimenta, o jeito com que atua, as roupas que veste, as atividades que pratica vão construindo e desenvolvendo uma personalidade, o perfil do personagem. Essa personalidade, na teoria, deve traduzir exatamente a alma, como ela é e o que ela quer. O personagem/a personalidade que nos representa é o veículo que nos leva e nos traz e que chamamos de ego.
Então, o meu ego é uma chave para fazer minha passagem por cá. Mas, amiúde, meu ego acaba sendo um ator muito ruim e não consegue representar a alma. Então, acaba atuando apenas de si próprio. E aí nasce o egoicismo, a conduta que privilegia ao ator, e ele se acha que é tudo o que há, a essência mesma, princípio e fim.
Como não se referência em mim, que sou a alma mandante, para andar por esse mundo fora e conseguir ser funcional meu ego se copia muito dos demais e acaba parecendo pouco comigo. Mas como ele consegue isso? Porque eu, alma, deixo que ele vá atrás dos padrões da sociedade enquanto eu fico escondida.
Mas, porque se eu venho a fazer o meu destino individual vou ficar escondida? Porque o sistema que dominava o mundo (e ainda teima em dominar) impus padrões, formas de ser e de se comportar, com o intuito de formatar uma sociedade homogênea, más fácil de ser controlada. Se a gente foge dos padrões será castigada, marginalizada. Isso acontece porque o projeto materialista/confrontativo é antinatural e, por tanto, só pode ser aplicado impositivamente, pela força, pela ameaça à supervivência do ser humano e o uso da repressão a às almas dissidentes.
Então eu, alma, tenho medo de ser como sou, porque eu não sou tipo padrão, eu sou diferente. E por isso tenho medo à rejeição. E, por tanto, sinto em perigo minha sobrevivência. Logo, deixo em stand by meu caráter espiritual e passo a agir com meu corpo, meu personagem, minha parte material que se encaixa melhor com os preceitos da sociedade materialista.
O que nos chamamos de alma, Carl Jung - o criador da psicologia analítica -, chamava de self. O self é uma palavra inglesa que pode ser traduzida como si mesmo e, segundo Jung, representa nossa essência ou aquilo que existe de único e peculiar na nossa personalidade.
Aí se configura o conflito. Entre a intenção das forças dominantes de impor um mesmo padrão para todas as almas e a essência única, peculiar, irrepetível, diferente de cada alma. Como sou única, peculiar e irrepetível, eu, alma (ou self) sempre serei diferente, não tem jeito. Ou sou o que sou ou vou muito sofrer me negando a mi mesma.
Acontece que mesmo compreendendo como é esse negócio, muitas vezes não consigo sustentar quem, em verdade, eu sou. Porque acredito pouco em mim. Até acho que sou uma entidade inadequada, que alguma coisa está errada em mim.
Então?
Ai é que vem o tal de amor-próprio.
Preciso me amar. Porém, me amar não é exaltar o meu ego, não é gostar de mim por fora, aprovar minha apariência ou cultivar o egoísmo, mas recuperar a identificação com a minha alma e o contato direto com a essência, tudo aquilo que levo por dentro, o essencial de mim. Amar my self. Preciso me reencontrar comigo mesma, para me reconhecer, me descobrir.
Como nos foi ensinado por inúmeros mestres e sábios, tudo que existe no Universo é energia. E a energia superior é o amor, que expressa uma força e uma inteligência inigualáveis. A nossa galaxia se organiza a partir dessa energia e se nutre dela. A fonte está no centro da galaxia, aonde tudo chega e de onde tudo se expande. Essa fonte, chamada, entre outras denominações, Deus ou mesmo Fonte, é amor e emana amor.
Nós estamos organizados atómicamente do mesmo jeito que a fonte. Por isso, nos amar a nós mesmos é simplesmente lembrar que, em essência, somos amor. Ou um fractal de aquele Deus, uma entidade feita do pó das estrelas, um ser feito a imagem e semelhança do amor da divinidade.
O preceito que nos conclama a amar a Deus por sobre todas as coisas, é um chamado a nossa consciência para despertar nossa própria fonte de amor e amar a todos e tudo, pois nós e tudo o demais somos as partes imprescindíveis da totalidade galáctica chamada Deus -ou Alá, ou Grande Espírito, ou Fonte Original, etc- e que conforma o Um. Somos todos Um. E sendo nós a entidade que temos mais perto, é lógico que começemos por amar a nós mesmos.
Para isso, nossa consciência precisa sair de todos os armários conceituais e da armadura cárnica, liberar-se das limitações dos padrões de fora para sentir tudo isso invisível que sou por dentro, para saber o que estou fazendo por estas pampas, o que é aquilo que eu desejo experimentar, vivenciar, seja lá o que for. E nesse caminho, indicar ao cérebro que ele deve dar sua forcinha liberando ocitocina, o hormônio do amor que ajuda a generar prazer, afeto e empatia.
A palavra chave é respeito. Amar a si próprio é respeitar essa essência sagrada que eu sou. Tratando e cuidando dela como se fosse uma criança. Me responsabilizar por mim, sem esperar que alguém chegue para me amar. Claro que é maravilhoso ser amado por outro, porém isso é uma bela possibilidade e não uma necessidade. E eu vou saber como me amar melhor que ninguém por uma razão óbvia: quem sabe de mim sou eu. E ainda por cima, é me amando que vou conseguir amar melhor ao outro, porque saberei amá-lo não em sua aparência mas em sua essência.
Amor-próprio é acatar na carne o mandato divino da alma. Colocar meu ego/personagem ao serviço de meu ser espiritual, esse secreto que amo incondicionalmente. E por amor, tento iluminar suas assustadoras sombras com minhas reveladoras luzes. Fazendo comigo o movimento de expansão que o Universo faz com ele próprio. Me alinhando com ele em vez de andar caminhando na contramão. E desse modo conseguir ser feliz, que é para o que viemos a este planeta. ✤
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Uma alma que desce aqui, que encarna neste planeta, é uma entidade chegada de céus longínquos com um projeto de evolução de si mesma absolutamente original, com dons, talentos, tempos, desafios, possibilidades próprios.
Energia pura, a alma cai como um raio, toca a Terra e precisa, urgente, um tradutor cinético, alguém, algo que lhe permita expressar-se e trilhar os caminhos de sua jornada por estas bandas da galáxia, tão promissórias e paradisíacas como árduas, complexas, hostis.
A alma precisa de um corpus, um corpo, um boneco, um robô com flexibilidade de carne, orgânico, autônomo, com cara única, um rosto exclusivo de si mesmo.
É, então, quando um humano macho e uma humana fêmea oferecem sua comunhão para doar a essa alma um receptor, um corpo de características humanas. Nesse papel temporário, o homem assume sua tarefa de criador, autor, iniciador, pai. A mulher se fará leito, causa, origem, mãe.
Na hora marcada, a carne inaugurada no alumbramento e a alma se abraçarão na irrupção primeira com um grito-bebê, um alarido-neném, celebrando a bendita aparição neste plano, porém padecendo, desde o início, a certeza da desarmonia terrenal que vem pela frente. A vida é bela, sim, porém esse mundo é mesmo cruel. E essa alma, consagrada como filho, já sabe disso.
A palavra filho quer dizer originário (de), descendente (de). Um filho - e todos o somos - não é originário de algum lugar da Terra nem é descendente de certos pais ou avós. Ele é oriundo de uma estrela distante e descende dela. Muitas vezes, sequer tem laços cósmicos com os seus familiares terrenos.
Assim, quando chega um filho, não é uma coisa nossa, um pertence ou uma propriedade pessoal. Aquele que chega, antes que um filho nosso é um irmão nosso. Alguém vinculado a nós pelos fios da fraternidade universal.
Esse irmão chega pleno como entidade cósmica, mas, encarnado num corpo mínimo, inicia a caminhada diminuído em suas potências de realização. Concerne ao irmão-pai e à irmã-mãe protegê-lo e ajudá-lo em sua iniciação, a fim de que a sua parábola terrenal seja bem sucedida. Entendendo que a experiência particular desse ser faz parte de nosso próprio ensaio geral, de nosso projeto coletivo, do Plano Maior.
Nesse tempo, pai e mãe ensinarão a alma-filho como é esse negócio das possibilidades e limitações de andar ancorado a um corpo humano, interatuando com outros congêneres. Paulatinamente irão lhe mostrando as regras gerais, mas sempre deverão ser respeitados sua índole, seu jeito, seu modo singular de estar no mundo, seus tempos e até suas próprias regras.
Um ser a quem chamamos de filho é alguém semelhante a nós, porém absolutamente original em sua essência, um exemplar único. E assim deve ser enxergado, tratado, considerado e respeitado. Quando esse filho cresça, vire adulto, se torne independente, será um a mais de nós, outro homem, outra mulher.
Nós não cuidamos de uma criança, pois ela é uma circunstância temporal; nós cuidamos de um adulto em tempo de desenvolvimento. É o fundamento -a base física, psíquica e espiritual- desse adulto de amanhã que estamos cuidando na criança de hoje, esse semelhante a nós, esse irmão nosso.
In'lakech. Com essa palavra, se cumprimentavam os maias quando se encontravam no caminho com algum indivíduo desconhecido. In'lakech quer dizer eu sou outro você. E esse "você" é outro eu. Alguém que, assim como eu, um belo dia desceu por estes arrabaldes da galaxia, um espírito libre, libre de tudo e libre de mim. Parecido a todos nós, mas idêntico a si mesmo.
Essa individualidade vem sendo vulnerada há muito tempo pelos pais, zelosos e corujas, fazendo as crianças de reféns. Seja por excesso de zelo, por apego, por superproteção, por egoísmo, por condicionamentos culturais ou religiosos, por carências pessoais, a miúde, pais e mães fazem de seus filhos algo assim como uma propriedade, da qual eles podem dispor como bem entenderem. Erro crasso.
Para ter a felicidade de um mundo diverso, colorido, nobre, amoroso, belo, é condição ineludível respeitar a sagrada identidade das crianças para que elas possam, já desde cedo, fazer seu original aporte à construção de uma sociedade nova, uma comunidade de irmãos.
Para isso, se faz necessário libertar as crianças. Deixar fazer, jogar, experimentar, arriscar, até mesmo se machucar nas brincadeiras. Estimulá-las a pensarem livremente, a sentirem em liberdade para elas poderem ir se descobrindo, se reconhecendo, se conhecendo, se encontrando com seu âmago, suas singulares visões de si próprias e do mundo.
É preciso soltar as meninas e os meninos para elas puderem navegar no fluxo da vida. É imprescindível abrir mão desse sentido de posse disfarçado de amor. Não é amor, não. Deixemos as crianças voarem e, simplesmente, vamos acompanhando elas na sua própria e irrepetível experiência. Sejamos facilitadores e colaboradores incondicionais de seus próprios exercícios de busca e descoberta e não mais pais castradores e repressivos.
Lembremos sempre que esse ser, antes que um filho meu, é um filho da vida- como sou eu mesmo, como você é -, assim como nos ensinava o grande mestre Khalil Gibran, nesse belo e iluminador poema sobre os filhos:
Teus filhos não são teus filhos
eles são os filhos e as filhas
da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de ti, mas não de ti
e embora estejam contigo
não te pertencem.
Podes dar-lhes o teu amor
mas não teus pensamentos
pois eles têm seus próprios pensamentos.
Podes abrigar-lhes o corpo
mas não sua alma
pois sua alma mora na casa do amanhã
que tu não podes visitar nem mesmo em sonhos.
Podes esforçar-te para ser como eles
mas procura não fazê-los ser como tu
pois a vida não anda para atrás
nem se demora no dia de ontem.
Tu és o arco do qual teus filhos
como flechas vivas, são disparadas.
Deixa que tua inclinação
na mão do arqueiro
seja para a alegria.
★
Hoje, dia 1º de outubro, é comemorado o Dia Mundial do Vegetarianismo. A data foi estabelecida pela Sociedade Vegetariana Norte-Americana, em 1977, para conscientizar sobre a importância ética, ambiental e humanitária dessa prática alimentar.
Apesar de muitas pessoas não saberem, ser vegetariano vai muito além de apenas não consumir carne. É um tipo de dieta que permeia todos os campos da vida e contribui para a construção de uma existência que agrida menos a natureza, proteja o meio ambiente e cuide das expectativas das pessoas.
O vegetarianismo pode ser a mais eficaz resposta ao alerta lançado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) apontando que a biodiversidade do planeta está em grave risco, e que a base dos sistemas alimentares da humanidade está ameaçada.
O principal vilão é, sem dúvida, o desmatamento, que causa impactos negativos múltiplos na biodiversidade vegetal e animal. A agressão é tão grande que afeta até mesmo aquilo que não foi diretamente atingido. Isso acontece porque, ao desmatar determinadas áreas, diversas espécies que precisam de características específicas daquele ambiente para sobreviver passam a ter suas existências comprometidas.
Porém, essa situação não é exclusiva das áreas de pasto. A indústria da pesca causa danos similares na biodiversidade, poluindo rios e oceanos, destruindo sistemas marinhos e eliminando, a uma velocidade alarmante, os estoques ictícolas.
Se não bastasse, milhares de espécies, como lobos, ursos, lontras e onças, vistas como uma ameaça para as indústrias de exploração animal - por razão do risco que oferecem à vida do gado -, são assassinadas diariamente para impedir o processo natural de caça.
E tudo isso para os seres humanos possam comer um tipo de alimento que não precisam: carne.
Cerca de 75% das terras agricultáveis do planeta são usadas para pastagem e produção de ração para a pecuária. Na América Latina, as fazendas de gado são a principal causa do desmatamento de florestas e extinção de plantas nativas. Todos os anos cada vez mais campos de cultivo são instalados em solos inicialmente cobertos por floresta tropical.
Ao contrário do que se pode pensar, o constante desflorestamento da Amazônia deve-se sobretudo a criação de campos de cultivo de soja para alimentar gado de países desenvolvidos ou para construir pasto para o gado brasileiro. As madeireiras, a abertura de estradas e a ocupação desordenada, tem apenas papéis secundários nesta destruição.
Além da ocupação de vastas áreas de terreno para o cultivo de cereais, a atividade pecuária implica o consumo abundante de água potável, gasto de combustíveis fosseis e utilização massiva de pesticidas e drogas. Daqui resulta a erosão do solo, a escassez e contaminação dos lençóis de água, a destruição das florestas tropicais e a desertificação de extensas áreas da superfície terrestre.
O gado, causa e consequência do desmatamento, é o outro grande vilão, colaborando para o aquecimento global. A FAO destaca que a pecuária é responsável por 14,5% dos gases de efeito estufa, poluindo mais do que todos os meios de transporte combinados. Acha um exagero? Veja esse exemplo: a produção de apenas um hambúrguer de carne de aproximadamente 200g é capaz de liberar na atmosfera a mesma quantidade de gases estufa quanto dirigir um carro por 16 km.
O valor estimado pelos cientistas é de que mais de 500 milhões de toneladas de metano são liberadas anualmente na atmosfera, exclusivamente, por conta da criação de gado. Sua emissão, além de ser extremamente prejudicial ao planeta, também representa enormes riscos à saúde humana se inalado, podendo causar parada cardíaca, asfixia, inconsciência e até danos severos no sistema nervoso central.
Problemas de desertificação, erosão e redução dos nutrientes do solo contribuem significativamente para o aquecimento global. As queimadas, método muito utilizado para a retirada da vegetação original e a criação de pastos, são, também, um agravante para a liberação de gases e para que as terras se tornem improdutivas.
Além de todos esses danos diretos, o consumo de carne também é responsável pelo incentivo de uma cultura de desperdício. A pecuária precisa se autoalimentar para existir, portanto, nessa lógica, metade de toda proteína produzida no mundo acaba sendo usada como ração. Especificamente, no Brasil, esse número é ainda maior, chegando a 79%, enquanto apenas 16% é destinada à alimentação humana.
Desta forma, vacas, porcos e galinhas acabam consumindo muito mais alimentos do que são capazes de fornecer. A Sociedade Vegetariana Brasileira ressalta que as plantas são captadoras naturais de energia solar, transformando-a em energia comestível (química). Animais, ao contrário, precisam extrair a energia dos ecossistemas. Além disso, a maior parte da energia ingerida (em média 90%) não é transformada em carne (mas usada para o animal sobreviver, se locomover, manter a temperatura corpórea). A criação de animais para consumo representa, assim, um grande desperdício do ponto de vista energético.
Veja o seguinte dado: na produção de uma dieta carnívora utilizam-se 48.000 litros de água por dia. 2.400 litros diários seriam o suficiente para a produção de uma alimentação vegetariana. Isto porque na pecuária, a água é utilizada na irrigação dos grãos para ração, dessedentação dos animais, higienização das instalações e retirada de dejetos.
O gasto estimado para produzir 450g de proteína de carne é 16 vezes maior do que o necessário para produzir a mesma quantidade de proteína vegetal.
Estudos brasileiros apontam que em cada segundo, uma área florestal do tamanho de um campo de futebol é utilizada na produção de apenas 257 hambúrgueres de vaca.
Um boi precisa em média 3,5 hectares de terra para produzir 200 kg de carne, num período de quatro a cinco anos, em tanto, estima-se que na mesma área seja possível produzir, consoante ao tipo de cultura, cerca de: 19 toneladas de arroz; 32 de soja, 34 de milho, 23 de trigo e 8 de feijão, se pensarmos apenas numa colheita anual, sendo que nesta região são comuns duas a três colheitas por ano. Multiplique agora pelos 4/5 anos que precisa um boi.
200 kg de carne de um boi dariam de comer uma vez a umas 1.000 pessoas (200 gramas por pessoa). Já 76 toneladas de arroz (19 x 4 anos) alcançariam para preparar um bem servido prato (125 gramas) para 608.000 pessoas. Se quiser, você pode fazer cálculos parecidos com a soja, o trigo, o feijão, etc. Enquanto isso, o mundo tem cerca de um bilhão de pessoas famintas.
Tendo em vista este cenário, a implantação de uma alimentação vegetariana ou vegana no planeta poderia ser uma forma de diminuir estrondosamente o número de pessoas em situação de fome extrema.
Quando a fome no mundo e o aumento da rentabilidade dos recursos terrestres se tomam cada vez mais sérios, a alimentação vegetariana surge como uma dieta rentável que pode contribuir para uma franca melhoria da situação.
Agora que você já conhece a relação entre vegetarianismo e meio ambiente, que tal começar a reduzir o consumo de carne em sua alimentação, melhorar assim sua saúde e fazer sua contribuição à segurança alimentar de todos nós? Talvez seja a hora de começar a experimentar, não acha? ✤
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.◢ Marcos de Aguiar Villas-Bôas
As religiões, de um modo geral, ao longo da história têm recaído, em regra, em pessoas doutrinadas que seguem messias, livros, sacerdotes e dogmas. Cada um se afiniza com aquilo que vibra e as religiões terminam servindo àqueles que estão nas suas faixas de vibração, mas elas são desnecessárias para a ascensão espiritual, que tem a ver muito mais com um processo de autoconhecimento e automelhoramento.
A religião que liga o indivíduo ao divino dentro de si não trata de seguir algo, mas apenas de encontrar a si mesmo por meio de uma constante busca. Religiosos tradicionais são seguidores de instituições, messias e gurus, mas religiosos, na acepção real da palavra, são buscadores.
“Então, meu trabalho
não é um movimento para criar uma religião,
mas para criar religiosidade.
Eu encaro a religiosidade como uma qualidade
– não como uma parte de uma organização,
mas como uma experiência interior do próprio ser”
-Osho-
(Autobiografia de um místico espiritualmente incorreto)
Os verdadeiros mestres estão dentro de cada um, cada indivíduo é um mestre em potencial, de modo que só precisa despertá-lo. Os encarnados, que se sentem ainda tão dependentes de heróis, santos, messias, mestres etc., têm o mestre dentro de si, mas ainda não acreditam nisso.
A humanidade não precisa de mais mestres que se apresentam como gurus dispostos a responder sobre todos os assuntos e a serem seguidos pelos demais. O processo de transição planetária da Terra requer facilitadores do autoconhecimento e do automelhoramento da humanidade, que colaborem para o despertar do mestre dentro de cada indivíduo, com a libertação das ilusões e limitações, muitas delas impostas pelo inconsciente coletivo e por atavismos individuais.
É por isso que se fala tanto em despertar, expandir, ampliar a consciência como o objetivo mais importante da encarnação. Daí pode se entender até a utilidade do sofrimento, que, por linhas tortas, muitas vezes consegue tirar o indivíduo daquela estagnação e lhe levar a perceber algo novo.
Carl Jung já dizia que é preciso acordar o mestre em cada um por meio da aproximação entre o ego (a personalidade do encarnado) e o seu Eu superior (o espírito). É como ir continuamente desvelando ilusões e limitações até que sobre apenas a centelha divina, o puro amor incondicional.
Pode-se falar em diferentes níveis de consciência pelos quais vamos passando à medida em que nos conhecemos melhor e em que estamos mais em paz conosco e com os outros, compreendendo nossas peculiaridades e as dos demais. Enquanto estamos em um nível de consciência, é muito difícil compreender alguns aspectos mais afetos aos níveis conscienciais superiores.
Daí porque muitas pessoas não se entendem umas com as outras. Em diferentes níveis de consciência, de capacidade de compreensão da realidade, é muito mais difícil que haja concordância, e não adianta um tentar ficar impondo sua verdade ao outro, pois não se deve exigir do outro aquilo que ele não pode dar. É falta de inteligência e, sobretudo, de sabedoria querer tirar leite de pedra, expressão que apenas faz sentido na linguagem figurada, e não na experiência.
Os seres humanos, e isso é muito vivo nas religiões, tentam mudar uns as ações dos outros, mas o que deveria ser feito, de forma cautelosa e amorosa, é tentar despertar a consciência uns dos outros. Para que haja mudança de pensamentos, sentimentos, emoções e ações, é preciso que primeiro haja mais consciência, mais luz, mais percepção.
“Para mim foi uma surpresa descobrir
que quando você se torna silencioso,
quando se torna consciente e mais alerta,
suas ações começam a mudar – e não vice versa.
Você pode mudar suas ações,
mas isso não o tornará mais consciente.
Quando você se tornar mais consciente,
é que suas ações vão mudar...
Isso é absolutamente simples e científico.
Você estava fazendo algo estúpido;
à medida que você se tornar mais alerta e mais consciente,
não poderá mais fazê-lo”
-Osho-
(Autobiografia de um místico espiritualmente incorreto)
Osho acerta em cheio na importância da meditação para o despertar da consciência e, diferentemente da maioria, ensina que meditar não é simplesmente aplicar algumas técnicas de respiração e de limpar a mente. Para ele, meditar é estar consciente e isso pode ser feito de forma ativa, observando a sua volta sem ficar verbalizando, ou seja, é sentir a realidade sem deixar a mente ser barulhenta, ficar trazendo inúmeros pensamentos. A verbalização mental é, então, ligada e desligada durante o dia. Apenas é usada quando necessário para se comunicar, por exemplo.
Na visão de meditação ativa de Osho, a pessoa pode estar nesse estado durante todo o dia, pois ela não depende de um local sem barulho, nem de mantras. O que amplia a consciência, segundo ele, é praticar o estar consciente, alerta, com a mente silenciosa, o máximo de tempo, e isso faz muito sentido.
Não estamos a dizer que as técnicas de meditação não ajudam. O próprio Osho criou algumas específicas para os ocidentais. Há vasta comprovação científica de que elas alteram o cérebro para melhor e provocam inúmeros benefícios às pessoas, mas, como concluíram Daniel Goleman e Richard J. Davidson no seu livro A Ciência da Meditação, há diversos outros aspectos importantes a serem integrados à prática meditativa para que a pessoa sinta resultados mais palpáveis.
Osho também acerta ao afirmar que é a consciência se despertando o que vai alterando as ações, não sendo possível exigir que alguém mude se ela continua vendo as coisas da mesma forma. Isso reforça a ideia de que impor nunca é a solução. É preciso utilizar de artifícios argumentativos e práticos, como a meditação e terapias, para que a pessoa desperte daquele sono de consciência no qual se encontra.
“Quando a consciência torna-se assentada,
todos os padrões de vida mudam.
O que as religiões chamam de pecado desaparece,
e o que chamam de virtude
automaticamente flui de seu ser,
de suas ações.
Mas as religiões têm feito exatamente o contrário,
tentando mudar primeiro os atos.
É como se as pessoas estivessem numa casa escura,
tropeçando nos móveis e nos objetos,
e dissessem a elas que não terão luz
a menos que parem de tropeçar.
O que estou dizendo é:
traga a luz e os tropeços desaparecerão”
-Osho-
(Autobiografia de um místico espiritualmente incorreto)
Não se deve achar que a meditação irá necessariamente tornar a pessoa feliz de uma hora para a outra e para sempre, apesar de que, se já estiver pronta, isso pode acontecer. A meditação, os estudos sem limitações religiosas, as terapias para autoconhecimento, a busca por compreender tudo e todos com amor incondicional são passos que tendem a levar ao despertar da consciência, mas há muitos degraus.
Não é incomum olharmos para o ano anterior e percebermos que não entendíamos certas coisas as quais estão mais claras agora ou que cometíamos erros que não cometemos mais. Isso é uma ascensão na escada da consciência, um passo no despertar. A cada momento em que reconhecemos mais dos nossos equívocos, lança-se luz sobre as sombras e, a partir dali, fica muito mais fácil de se dominar e de até usar as sombras em nosso favor.
Se perceber, aceitar e reconhecer as nossas ilusões e limitações, que é o mesmo que lançar luz sobre as nossas sombras, é o caminho para estar consciente do que se faz de negativo e transmutar isso em positivo, as pessoas precisam parar de se auto-sabotar, de jogar para debaixo do tapete aquilo que incomoda, de se ferir quando alguém lhe mostrar um erro.
Quanto mais à luz estiverem as sombras, mais iluminadas estarão e mais fácil será lidar com elas. É por isso que é útil fazer boas terapias (psicanálise, thetahealing, consultas com guias espirituais etc.) e lançar luz sobre as sombras a partir de um terceiro, assim como é útil procurar sozinho a erupção das sombras, trazê-las à luz, por meio de medicinas de cura xamânicas, por exemplo.
Quanto mais se segue dogmas, quanto menos se questiona, quanto mais alguém se julga perfeito ou próximo da perfeição, quanto mais entende ter sido salvo por alguém ou por uma religião, mais ele ou ela irá deixar de buscar o autoconhecimento, o automelhoramento e um conhecimento mais diverso, mais amplo.
O momento é de encontrarmos o mestre em nós mesmos, e não de continuarmos seguindo alguém. Não é mais tempo de seguir gurus que estão prontos para dizer o que os outros devem pensar, sentir e fazer a respeito de tudo, mesmo quando não têm conhecimento ou não viveram aquilo na prática.
A religião tradicional torna as pessoas seguidoras, fieis, adoradoras, mas a religiosidade, a espiritualidade, torna-as buscadoras, questionadoras, pesquisadoras, sensitivas, conscientes.✤
*Marcos de Aguiar Villas-Bôas é terapeuta holístico, espiritualista universalista, reikiano, praticante de meditação e amante do todo e de todos. Busca despertar a consciência, o mestre dentro de si, e ajudar os outros a fazerem o mesmo.