A felicidade da auto-realização

By Alú Rochya - junho 17, 2023

La felicidad de la autorrealización

◢  Alú Rochya 

Desde que nascemos tentam nos modelar, como se modela uma massa. Os pais adoram nos formatar com eles como exemplos, achando que eles são mesmo modelos merecedores de ser seguidos. Isso não se toca, isso não se faz,  isso não se diz. Faça isto ou faça aquilo. E se não faz, vai ficar de castigo... 

Dizem os pais que, assim, nos preparam para a vida. Nos disciplinam como se a vida fosse apenas uma, esquecendo que cada pessoa é um mundo e que sua vida é tão única que não pode ser substituída por outra.

A escola pretende nos formar como membros de uma sociedade homogênea, todos igualzinhos ou pelo menos bem parecidinhos, para encaixarmos como uma peça no sistema que uns poucos espertos dominam e usufrutuam e muitos dormidos sustentam e padecem. Nos dão para digerir e assimilar os mesmos conhecimentos que os professores receberam de seus professores e estes de seus professores.

Jamais somos perguntados por nossos desejos, vocações, opiniões, sentimentos, pensamentos, dores, alegrias. Tudo o que é humano/álmico não interessa. Somos robôs a ser programados com um objetivo confessado sem o mais mínimo pudor: ingressar ao mercado de trabalho, convertidos em mercadoria.   

E as igrejas tentam entorpecer nossa alma com conversas para boi dormir. Nossa alma será salva se aguentamos, resignados, o sofrimento de carregar uma cruz vivendo e morrendo a semelhança de Jesus. Esse é o continho clássico de religião corrompida e obsoleta para que a alma que verdadeiramente somos evite a ousadia de botar em tudo isso um sonoro foda-se!!!  e passar a existir neste mundo para aquilo que Deus nos enviou a existir neste mundo. Sanar nossa alma, aparar nossos defeitos e derramar nossas virtudes. Sem necessidade de sofrer. 


"Serás lo que debas ser 
o no serás nada".


Uma frase simples mas contundente do herói argentino general José de San Martín se fez tão famosa quanto sua monumental cruzada para acabar com o domínio espanhol na América do Sul, no século 19: "Serás lo que debas ser o no serás nada" ("Você vai ser o que deve ser ou então não será nada"). 

Quer dizer, você deverá ser o mago e o engenheiro de sua auto-realização, seguindo o que chamam de propósito ou caminhos, a razão divina pela qual você está vivendo uma oportunidade extraordinária aqui na Terra. Ou então você passará pelos dias como um fantasma, e será uma difusa projeção de sua luz original.

Se você não é o que você é, isso que sente que gostaria de ser/experimentar/viver, se não leva isso para a realidade a cada dia de sua vida, a sua alma não lhe deixará em paz. E sua vida, mesmo cheia de luzes por fora, brilhando nas aparências, será uma fonte inesgotável de insatisfação, cada dia mais incômoda, mais insuportável, mais sombria.

O maior consumo de drogas do mundo acontece em círculos de pessoas bem sucedidas, sobretudo aquelas que amassam grandes ou pequenas fortunas, gozam de algum grau de fama e/ou detêm certo bocado de poder. Empresários, políticos, artistas, esportistas de elite, comunicadores midiáticos, modelos, babacas do BBB e até periguetes vip, torram uma boa parte de seus saldos bancários em drogas que mascaram a profunda infelicidade de não ser aquilo que deveriam ser.

Já, longe dos holofotes, o quadro de situação não muda muito. A maioria das pessoas estão na correria cotidiana detrás de coisas materiais, tangíveis, prazerosas na ilusão de que no consumo elas acharam satisfação, paz e felicidade. Ledo engano. O cheiro do carro novo dura apenas um par de semanas; as fotos das férias ficam velhas apenas são postadas nas redes; o sabor do vinho do jantar de ontem já foi apagado pelo café de hoje; o sexo gostoso já ficou na saudade, e até o efeito tranquilizante do baseado virou ressaca e dor de cabeça. 

Tudo e qualquer coisa daí, de fora de nós mesmos, acaba logo. E, cada vez que alguma coisa acaba, começa a inquietação, a insatisfação, a sensação de que está faltando algo mais suculento que aplaque a fome de um animal insaciável que levamos dentro.

Animal vem de anima, e anima vem de alma, e por essa pista podemos identificar quem é o faminto. Nossa própria alma, a quem as satisfações que nosso ego e o nosso corpo obtêm pouco e nada lhe acrescentam. A alma quer ser feliz, nós queremos ser felizes. E a única coisa a fazer para ser felizes é ser nós mesmos e realizar o que viemos a realizar a este planeta.   

A palavra felicidade foi deturpada pelos seres escuros que ainda controlam o sistema decadente. Precisaram roubar e esconder o verdadeiro significado para enganar as pessoas e incorporá-las à maquinaria do consumo. Eles foram ofuscando nossa dignidade humana, nossa condição de ser espiritual, e foram nos transformando em objetos funcionais a seus interesses.

Felicidade é uma palavra que vem do latim felicitas e do verbo grego phyo, que traz a conotação de fecundo, produzir, produtivo. Originalmente essas palavras apontavam para a procriação e para a produção da terra, num contexto vinculado à semeadura e a um estado intrínseco de lógico entusiasmo y alegria pela colheita dos frutos. Por isso mesmo, quando a palavra é adjetivo nas formas latinas felix/ felicis está diretamente associada a palavra latina fertilis, que significa fértil ou frutífero.

Então, o termo felicidade sintetiza, representa e traduz o entusiasmo das ações de criação e produção que podemos realizar e resultantes em aqueles frutos que iremos recolher nos proporcionando alegria. A felicidade da simples realização de nós mesmos.  

O psicólogo americano Abraham H. Maslow exemplifica: "um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso pretendam deixar seu coração em paz. O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o nome de auto-realização".

A auto-realização é tornar real, concretizar aquilo que somos em potência, toda essa informação que somos e que chega aqui, ao plano terrenal, para florescer materialmente, para se manifestar na matéria e na carne através do que produzimos. Para essa tarefa de semear-produzir-colher dispomos de dons (saberes mágicos) e talentos (ferramentas criativas). E produzindo e colhendo é que nos realizamos. Uma alma/pessoa toca música e se faz músico; alguém cura e se torna curandeiro; outro, cozinha e se revela cozinheiro.  

Sendo e fazendo vamos experimentando, e por meio da experiência vamos apreendendo o que viemos a aprender, valores que aperfeiçoam a alma, como coragem, humildade, paciência, criatividade, confiança, etc. Então se produzimos o que a alma nos dita e colhemos os frutos, nós evoluímos. 

E é aí, nesse ponto de concretização, onde sentimos que somos em plenitude, que nos elevamos e que, por isso, somos felizes. Como a menina da foto de lá acima após mandar a bola para beijar a rede. Alegria pacífica, sorriso de felicidade. Porque ela está sendo e fazendo o que veio a ser e fazer a este mundo. Simples.

E o grande barato é que enquanto essa menina faz e é feliz, isso mesmo faz feliz a muitos outros que, ao mesmo tempo, aprendem como se fazem as coisas por cá.           
Olhe para dentro de você mesmo, procure pistas sobre o que você é e o que veio a fazer neste planeta. Lembre-se de quando era criança e dizia o que queria ser quando fosse adulto; olhe para seus antepassados e descubra o que eles gostavam de fazer, pois muitas vezes estamos para continuar ou acabar o trabalho deles; imagine que não precisa de dinheiro e sinta o que gostaria de fazer liberada das obrigações da sobrevivência.

Perceba que em todo esse texto não existem palavras como namorado, esposa, filho, mãe, carro, viagem, título, fama, fortuna, poder. Nem sequer a sagrada palavra amor. Nada disso te fará plenamente feliz. A felicidade só poderá ser alcançada quando o ser espiritual que você é -e sente que é- se faça plena realidade.  

Saiba que você veio para aprender algo e para deixar algo aqui. Saiba, que você é um ser único e irrepetível e que, por tanto, o que você tem para dar ao mundo ninguém outro tem. Entregue isso aos outros, se entregue você a você mesm@. E será feliz. A pesar de tudo.✤

  • Share:

Isso também pode interessar você

0 comments